Unilab sedia encontro de pró-reitorias de Extensão das universidades públicas do Ceará [repost]
“Desafios e Perspectivas da Curricularização da Extensão nas Universidades Públicas” foi o tema de evento convocado pela Pró-reitoria de Extensão, Arte e Cultura da Unilab (Proex/Unilab) – por meio do programa “Proex Convida” -, que reuniu pró-reitoras de universidades do Ceará, na última quinta-feira (08/08), no campus da Liberdade da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
O encontro teve como anfitriã a Proex/Unilab, representada pela pró-reitora Kaline Girão, convocando as pró-reitoras de Extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC), Bernadete Porto; da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Fabiana Lazzarin; da Universidade Regional do Cariri (URCA), Sandra Nancy; da Universidade do Vale do Acaraú (UVA), Rebeca Viana; e da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Lana Nascimento. Essa é a primeira vez que o grupo, totalmente composto por mulheres pró-reitoras de Extensão, reúne-se oficialmente. Também compõe essa articulação a Pró-reitoria de Extensão do Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE), que não pôde trazer representação para o evento.
Segundo Kaline Girão, da Proex/Unilab, o encontro nasceu a partir de diálogos entre as pró-reitoras. “Entendemos a importância de nos unir e fortalecer enquanto pró-reitorias de Extensão, porque já vimos que enfrentamos as mesmas dificuldades, temos os mesmos anseios, as mesmas expectativas, e juntas somos mais fortes. Queremos fortalecer a extensão em âmbito estadual e, quem sabe, a partir daí, virar uma referência”, aponta.
Ela explica ainda que a escolha do tema do encontro nasceu a partir de uma pesquisa realizada pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (FORPROEX), que constatou o baixo nível de implementação da curricularização das atividades de extensão nas universidades públicas brasileiras. “Curricularizar a Extensão é trazer para a matriz curricular, para dentro do Projeto Pedagógico de Curso, uma ação que já era feita — a extensão — mas que corria à margem de outros dois elementos que compõem a universidade, que são o ensino e a pesquisa”, explica. Ainda segundo Girão, “é uma quebra de paradigma que precisa ser trazida para o coração da universidade e seja vista e implementada”, complementa.
Curricularização e orçamento
Um café na sala de videoconferência do Campus da Liberdade (CE) iniciou as atividades. Nesta primeira parte do encontro, contou-se com a presença das pró-reitoras Bernadete Porto (UFC), Fabiana Lazzarin (UFCA) e Sandra Nancy (URCA), recepcionadas por Kaline Girão. Servidores, colaboradores e estagiários da Proex/Unilab também compareceram ao encontro.
Nesse momento, mais reservado, as pró-reitoras partilharam uma gama de procedimentos adotados dentro das respectivas universidades, debatendo as etapas burocráticas para efetivar a curricularização das ações de extensão, dando destaque para as estratégias de aplicação orçamentária para a pauta. Elas também abordaram pontos concernentes à comunicação interna das equipes e ao uso de sistemas de informação dentro das Instituições de Ensino Superior.
Das universidades representadas no encontro, a UFC é a mais antiga, com uma Pró-reitoria de Extensão que comemora 55 anos. Segundo Bernadete Porto, mesmo com toda experiência, “a extensão, por ser movimento, transformação da realidade, está evoluindo sempre. Se a gente perder a oportunidade de aprender com a interação, perdemos na história”. A pró-reitora de extensão da UFC complementa: “essa reunião, pra mim, é uma coisa histórica. Temos um desafio de buscar orçamento pra extensão, e radicalizar com a prática extensionista, uma vez que a gente possa entender que os nossos estudantes dessas 7 instituições possam transitar entre elas nas ações de extensão (…). A gente faz extensão pra se transformar, finalmente, em universidades populares”, conclui.
Sandra Nancy, da UVA, fez coro à fala das demais pró-reitoras quanto à centralidade da questão orçamentária: “Como a gente faz parte do FORPROEX, a gente percebe que uma das questões mais sérias enfrentadas pela extensão é de fato o financiamento. Como a Extensão precisa ser feita na comunidade, gera necessidade de transporte e outros recursos para que os estudantes estejam atuando diretamente, já que a presencialidade é necessária”, argumenta.
Desafios da extensão
O grupo que se reuniu pela manhã se somou, a partir das 14h, às pró-reitoras Rebeca Viana (UVA) e Lana Nascimento (UECE) no auditório da Liberdade, convocando também para o encontro os coordenadores dos cursos de graduação e das ações de extensão da Unilab. Roque Albuquerque, reitor da Unilab, também se fez presente durante a reunião, tecendo uma fala em deu as boas vindas às convidadas e também assumiu as dificuldades da universidade em compreender a extensão.
Fabiana Lazzarin, que está como pró-reitora de extensão da UFCA há 6 anos, endossou a fala do reitor, afirmando que “ a extensão precisa ser mais conhecida pela própria universidade. É como se existisse uma ausência de concepção da própria academia sobre a importância dela”, disse. Lazzarin também introduziu diferentes nomenclaturas para a curricularização da extensão: “lá na UFCA a gente chama de integralização da extensão, e não de curricularização, porque ‘curricularização’ fica parecendo que a gente tá ‘invadindo’ a casa da graduação. Mas a gente não tá entrando como visita, a gente tá entrando pra ficar. Esse espaço sempre foi nosso, só que a gente nunca tomou posse dele”, pontua. Ela ressaltou, ainda, a necessidade da implementação de ações de acessibilidade para tornar a extensão realmente inclusiva e experenciável por toda a comunidade acadêmica. “Recurso financeiro é nosso grande gargalo”, conclui.
Presente na mesa, a também presidente do FORPROEX, Lana Nascimento (UECE), trouxe alguns dados captados pelo Fórum. Ela informou que no ano de 2023, o FORPROEX lançou para seus pró-reitores membros a seguinte pergunta: “quais são os fatores que dificultam, na sua instituição, a inserção curricular da extensão?”. Segundo Nascimento, o primeiro fator, devido ao período histórico, foi a pandemia. O segundo fator mais vezes mencionado foi exatamente a dificuldade de compreender o conceito de extensão. “Infelizmente grande parte da nossa comunidade não sabe o que é extensão”, aponta a a pró-reitora de extensão da UECE. Ela sugere uma troca: em vez de “curricularização da extensão”, poderíamos chamar “extensionalização do currículo”. E arremata: “não se pode pensar pesquisa sem extensão, e quem fala isso não sou eu, e sim a nossa Carta Magna”.
Matéria e imagens por: Rosana Braga Reis | Originalmente publicada em unilab.edu.br