Proex | Unilab
Pró-Reitoria de Extensão, Arte e Cultura - Unilab

A celebração da escrita na entrega do Primeiro Prêmio de Literatura da Unilab

Data de publicação  30/12/2024, 17:49
Postagem Atualizada há 4 semanas
Saltar para o conteúdo da postagem

O Primeiro Prêmio de Literatura da Unilab marcou um momento histórico para a instituição, celebrando a criatividade e a expressão literária de seus estudantes. Realizado em parceria entre a Reitoria e a Pró-Reitoria de Extensão, Arte e Cultura (Proex), o prêmio destacou-se por promover a inclusão cultural e valorizar as diversas vozes presentes na universidade. Este ano, o gênero escolhido foi o conto, e os participantes tiveram a oportunidade de compartilhar suas histórias com a comunidade acadêmica.

A entrega dos prêmios ocorreu em dois momentos distintos. No Ceará, no Festival Vozes d’África, realizado no Campus da Liberdade, e na Bahia, durante a Copa da Integração, realizada no Campus dos Malês.

Na cerimônia no Ceará, a pró-reitora de Extensão, Kaline Girão, compartilhou um trecho de Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus, escritora que dá nome ao Centro Cultural da Unilab no Campus das Auroras.

A pró-reitora compartilhou o desejo de que outras edições do prêmio aconteçam nos próximos anos, explorando novos gêneros literários. “Este ano o gênero literário foi o conto, né? Quem sabe ano que vem a gente elege um outro tipo de gênero, talvez poesia” destacou Kaline.

Antes de convidar ao palco os vencedores, Kaline compartilhou com o púbico do evento mais palavras de incentivo a produção literária “Hoje aqui na Unilab, vamos celebrar não apenas o talento dos escritores e escritoras que participaram desse prêmio, mas também a celebração da palavra, do poder literário de transformar vidas e realidades […]. Parabenizo todos os participantes que submeteram seus textos. Que este prêmio seja um incentivo para que vocês continuem escrevendo, resistindo e inspirando.” Concluiu a Pró-reitora.

Os Vencedores

O Primeiro Prêmio de Literatura da Unilab teve como vencedores Silmara Silva (1º lugar), Isaque Oliveira (2º lugar) e Sérgio Nhanrú (3º lugar), cujas obras se destacaram pela profundidade e originalidade, representando a força da escrita como forma de resistência.

Silmara da Costa Silva

Silmara, vencedora do primeiro lugar, contou que sua paixão pela escrita começou cedo. “Desde a infância, eu já costumava escrever contos e histórias em quadrinhos, mas a vontade de escrever se intensificou quando eu estava no nono ano e conheci meu professor de português, Nailton, que é indígena. Ele foi quem me apresentou aos livros, porque antes disso eu não tinha o hábito de ler”, relembrou. Inspirada por essa experiência, ela escolheu cursar Letras-Português e, hoje, faz parte da Publicadora Palmarte como editora de uma revista de contos. “É bem legal ter contato com as obras de outras pessoas também”, acrescentou.

Para o prêmio, Silmara escreveu um conto inspirado na lenda indígena da Pedra da Torre, uma história dos Tapiguary que conecta sua vivência na Serra de Manguba às tradições ancestrais. “Decidi fazer uma história inspirada nessa lenda para falar sobre como as tradições indígenas estão morrendo. É importante que as pessoas continuem cultivando a cultura e mantendo viva a nossa tradição e os nossos ancestrais”, destacou.

No palco, ela compartilhou um desejo especial: “Eu espero que mais pessoas possam continuar escrevendo sobre suas histórias e experiências. Acho que esse prêmio ajuda a incentivar a escrita e também a contar um pouco de nossa resistência”. Sobre a premiação, Silmara ainda expressou sua surpresa: “Eu nem acreditava que fosse ganhar, e isso me motiva a escrever mais, isso me dá mais confiança como escritora”.

Os pais de Silmara expressaram um grande orgulho pela conquista da filha. João Batista, seu pai, afirmou que a vitória foi uma surpresa. João enfatizou que Silmara é uma pessoa muito dedicada e que, por meio de seus projetos, ela conquistará seus objetivos. Maria das Dores, sua mãe, também compartilhou sua felicidade, ressaltando o quanto sempre incentivou Silmara a lutar pelos seus próprios sonhos. Para a mãe de Silmara, sua dedicação sempre foi evidente, e ela acredita que, com estudo e esforço, um futuro brilhante está reservado para a filha.

Isaque de Jesus Oliveira

Isaque, que conquistou o segundo lugar no prêmio, compartilhou sua trajetória literária, marcada por uma relação íntima com a literatura. “Eu, de uma certa forma, sempre tive contato com essa expressão artística. Sempre fui atraído por livros, tive contato, inclusive, com a biblioteca municipal aqui de São Francisco do Conde. Sempre tive esse interesse em particular e, de certa forma, sempre escrevi algumas coisas: poesias, roteiros de peças… mas sempre ficou muito privado para mim”, explicou.

Isaque também destacou o papel da Unilab em sua trajetória: “Foi na Unilab, a partir do meu processo de graduação em História, que eu começo a desenvolver o projeto literário História Pedagógica e começo a expandir as minhas produções. Eu percebi que as minhas produções eram válidas, que as minhas produções eram significativas e que eu poderia influenciar uma geração a partir desse processo artístico”.

Seu conto premiado foi inspirado em personagens que conectam espiritualidades brasileiras e africanas, como Iemanjá e Kianda. “Eu tenho mesmo uma relação intrínseca com a personagem narrada, sendo como brasileira Iemanjá. Minha mãe é uma espiritualidade que eu gosto muito, tenho mesmo na minha trajetória, no meu desenvolvimento pessoal e espiritual. Foi um encontro mesmo a partir dos meus contatos com meus colegas de Angola que eu casei essas duas personagens […] um conto de inspiração a partir dessas duas personagens, mas que fala muito sobre mim, sobre a minha trajetória”, destacou Isaque.

Sobre a premiação, Isaque ressaltou o significado coletivo da vitória. “Eu fico muito feliz e agraciado de vencer esse concurso, eu realmente não acreditei que iria vencer […] mas eu me sinto também representante de todos os meus colegas que se inscreveram nesse edital, que também concorreram junto comigo. Eu também venço não apenas por mim, mas por todas essas pessoas.”

Isaque ainda refletiu sobre a necessidade de fortalecimento dos programas artísticos na universidade. “A Unilab precisa desenvolver muito mais programas e projetos para que essas pessoas consigam ter forças para desenvolver suas produções, não só no campo literário, mas no campo artístico e científico de forma geral […] que ela seja um portal não só para mim, mas que seja um portal para outros colegas, para outras pessoas que também vão vir pós-mim”, Concluiu Isaque.

Sérgio da Silva Nhanrú

Sérgio, que recebeu o terceiro lugar no prêmio, compartilhou sobre sua trajetória literária e o início de sua paixão pela escrita, que começou ainda em Guiné-Bissau enquanto fazia o curso de Letras – Língua portuguesa. “Desde lá comecei a escrever, só que nunca encarava também a escrita como a minha vida. Mas desde que cheguei aqui, fiz parte do projeto de extensão Vozes d’África, então passei a escrever sempre, frequentemente. Contos eu não escrevo muito, mas poemas tenho mais de 50 já feitos, até estou pensando em fazer um livro, se Deus me ajudar.”

Sérgio vê o prêmio como o início de uma nova etapa em sua vida literária. “Eu encaro isso como o início de um fim, ainda que necessário, mas que me motiva muito, porque a partir daqui vou encarar ainda mais, e isso é o começo. Sei que tenho o talento e, a partir de hoje pra frente, vou escrever ainda mais e com mais determinação.”

Ele também revelou como seu processo criativo acontece, especialmente quando está se sentindo feliz. “Eu escrevo a qualquer momento, mas principalmente eu costumo esperar um momento em que sinto que estou feliz. Eu sinto que estou feliz e escrevo qualquer coisa. Às vezes, eu pego meu celular ou o computador e começo a escrever, eu escrevo duas, três frases e depois eu deixo, para quando vir a acontecer uma inspiração, em um dia que estou feliz, eu vou continuar escrevendo.” explicou Sérgio.

Palavra do Reitor

Para Roque Albuquerque, a iniciativa vai além da gestão atual e se configura como uma política universitária, com o potencial de se consolidar e perpetuar, independentemente de mudanças na reitoria. “Uma política de Reitor pode mudar com uma nova gestão, mas uma política universitária está muito além disso”, afirmou.

Roque destacou a importância da experiência proporcionada pelo prêmio, que ele vê como uma coletânea de vivências. “Temos muitos talentos dentro da nossa universidade, com um ecossistema de saberes e uma ecologia de conhecimento. Podemos arrumar a nossa casa e perceber que temos estudantes com grande potencial”, ressaltou. Ele também defendeu a ideia de expandir a premiação para incluir os professores da instituição, destacando a diversidade de talentos que a universidade possui.

Ele também destacou a relevância do evento para a universidade e a comunidade acadêmica. “Esses prêmios podem ser um ponto de partida para a nossa editora. […] foi ótimo conhecer nossos talentos e ver como a criatividade e a imaginação estão sendo exploradas de maneira significativa”, afirmou Roque. Ele finalizou reforçando a importância de tornar a premiação uma tradição da Unilab: “A gente conseguiu ver, e não foi intencional, os vencedores envolvendo dois campi, e foi muito legal conhecer pessoalmente o Isaque. Para mim, isso é só o início. Nós temos que firmar para que a premiação aconteça todos os anos”, concluiu.

Publicação dos contos

Os 20 contos classificados no Primeiro Prêmio de Literatura da Unilab serão publicados em um e-book, que estará disponível em breve no site da Pró-Reitoria de Extensão (Proex). Essa publicação vai reunir as obras vencedoras e oferecer aos leitores a oportunidade de conhecer mais sobre a produção literária dos estudantes da Unilab. O e-book será uma forma de ampliar a visibilidade dos trabalhos e incentivar a continuidade da escrita entre os participantes.

Categorias